"A próstata é uma glândula que tem o tamanho de uma noz, e se
localiza abaixo da bexiga, envolvendo a uretra masculina. Ao longo
da vida do homem, a próstata pode sofrer processos inflamatórios
agudos ou crônicos e, a partir de determinada idade,
transformações de sua estrutura. A principal função da próstata é
produzir a secreção prostática, que compõe uma parte do sêmen,
servindo de alimento e transporte para os espermatozóides".
O câncer de próstata representa a quarta causa de morte
por câncer, no Brasil. Além disso, a taxa de mortalidade por essa
doença vem aumentando nos últimos anos. Mas o mais importante, é que
essa doença pode ser diagnosticada precocemente e, caso seja tratada
nessa fase, o paciente tem alta chance de cura. Como já dito, com o
avançar da idade a próstata sofre transformações, de modo que se
acredita que aproximadamente 75% dos homens com 50 anos ou mais
apresentem algum tipo de alteração. Essa porcentagem sobe para 95%,
quando avaliamos homens com idade superior a 80 anos.
Existem vários fatores que podem afetar o risco de desenvolvimento do câncer de próstata, alguns deles ainda controversos. Vamos enumerar os principais:
O câncer de próstata apresenta um crescimento lento e, na verdade,
muitos dos pacientes acometidos não morrerão em decorrência da
doença. Quando o tumor é pequeno e atinge somente a próstata,
frequentemente não é detectado. Nesses casos, o paciente não
apresenta sintomas e os exames podem até ser normais. Assim, o homem
pode viver durante muitos anos sem nem saber que tem a doença.
Mas por que isso acontece? Na verdade, os sintomas mais
comumente relacionados ao câncer de próstata surgem quando ocorre a
compressão da uretra (como vimos, a uretra passa por dentro da
próstata). O câncer, geralmente, começa na parte mais externa da
próstata, ou seja, longe da região central, que é onde passa a
uretra. Com o crescimento do tumor, ele passa a acometer toda a
glândula, que então comprime a uretra e causa os sintomas.
O primeiro sintoma, comumente, é a dificuldade para
urinar. Porém, devemos lembrar que esse sintoma pode ser causado por
qualquer doença da próstata e não significa, necessariamente,
câncer. A compressão da uretra é progressiva, levando ao agravamento
gradual dos sintomas, podendo chegar à obstrução total em estádios
bastante avançados da doença.
O conjunto de sintomas
associados às doenças da próstata é conjuntamente denominado de
"sintomas de prostatismo", sendo os seguintes:
Na presença desses sintomas, o médico deve ser procurado para que se inicie o mais rápido possível à investigação. Devemos lembrar, porém, que o câncer de próstata costuma ser totalmente assintomático até que esteja em estádio avançado, às vezes sem possibilidade de cura. Por isso, é de extrema importância o exame preventivo, que permite o diagnóstico precoce.
O diagnóstico de certeza do câncer de próstata é feito por meio da biópsia guiada pelo ultra-som. No entanto, esse exame só é feito caso os exames iniciais de rastreamento estejam alterados. E quais seriam esses exames?
Os outros exames são utilizados para verificar se o câncer disseminou para outros órgãos. Podem ser usados: radiografia de tórax, cintilografia óssea, tomografia computadorizada, urografia excretora, ressonância magnética. Lembrar que eles não estão indicados em todos os casos, devendo o médico avaliar em cada caso a necessidade de realizá-los.
Embora ainda existam controvérsias a respeito, recomenda-se que o rastreamento do câncer de próstata deva ser realizado anualmente, com toque retal e dosagem de PSA, nos homens com idade a partir de 50 anos e com expectativa de vida de pelo menos 10 anos. Já nos homens com maior risco de desenvolvimento da doença, como os que possuem os fatores de risco descritos acima (principalmente a história de doença em parente de primeiro grau), o início do rastreamento deve ser aos 45 anos.
Existem várias opções de tratamento para o câncer de próstata, e a
escolha de um desses métodos vai depender da idade do paciente, do
estádio de desenvolvimento do câncer, da velocidade com que ele
cresce e da saúde geral do paciente. Outros aspectos importantes
nessa decisão é a avaliação dos benefícios e potenciais efeitos
colaterais de cada método. Se o tratamento é iniciado em fase
precoce da doença, o paciente pode ser curado. Em estádio mais
avançado, o tratamento pode prolongar a vida e aliviar os sintomas.
Tratamentos disponíveis:
1. Cirurgia: a cirurgia permite a remoção da próstata e
de estruturas próximas que estejam acometidas pelo câncer. Realizada
geralmente em estádios mais iniciais da doença, quando o câncer
ainda está limitado à próstata. Se o tumor for pequeno e não tiver
disseminado, a cirurgia cura o paciente. Além dessas vantagens, a
cirurgia evita alguns dos problemas observados com a radioterapia.
Sua maior desvantagem, e que assusta a maioria dos pacientes, é a
possibilidade de lesão dos nervos da região, ocasionando
incontinência urinária (o paciente não consegue mais "segurar" a
urina) e, principalmente, impotência. A impotência ocorre mais
frequentemente nos pacientes mais velhos, especialmente aqueles com
mais de 70 anos. Porém, com as técnicas mais modernas, a incidência
dessa complicação tem diminuído. Vale lembrar que a impotência que
ocorre após a cirurgia pode melhorar com o passar do tempo; além do
mais, atualmente a medicina dispõe de várias opções para tratar esse
problema.
2. Radioterapia: a radioterapia envolve a
aplicação de raios de alta energia, que são capazes de destruir as
células do câncer. Pode eliminar a doença, reduzir o tamanho do
tumor ou prevenir que ele se dissemine. Como é praticamente
impossível direcionar os raios apenas para as células do câncer,
eles podem danificar células normais, levando aos efeitos colaterais
do tratamento. Assim como a cirurgia, os melhores resultados são
obtidos quando o câncer ainda não se disseminou. Porém, nos casos
disseminados ela pode ser utilizada em associação com outros
tratamentos, como a hormonioterapia. Outro uso importante é no
alívio das dores ósseas relacionadas ao acometimento dos ossos pela
doença. A radioterapia pode ser aplicada externamente ou na forma de
"sementes radioativas" que são implantadas dentro da glândula. Nesse
último caso, a radiação é colocada mais próxima das células do
tumor, reduzindo a ocorrência dos efeitos colaterais. A maioria dos
efeitos colaterais não é grave e desaparece após o término das
sessões. São eles: cansaço; lesões de pele na região tratada; micção
freqüente e dolorosa; irritação do estômago; diarréia; sangramento
pelo ânus.
3. Hormonioterapia: é mais comumente
utilizada para tratamento dos cânceres disseminados. Ela não cura o
câncer e sim reduz seu tamanho. São duas as opções: (1) remoção
cirúrgica dos testículos: sabe-se que a testosterona estimula a
multiplicação das células da próstata, assim com a remoção dos
testículos a produção desse hormônio cai significativamente. O
objetivo é reduzir o tamanho do tumor e/ou prevenir o crescimento
futuro. Mas esse tratamento é dificilmente aceito por muitos homens.
Os efeitos colaterais são: redução do desejo sexual, sensibilidade
e/ou crescimento das mamas, ondas de calor, impotência; (2)
medicamentos que inibem a produção ou a ação da testosterona; os
efeitos colaterais são semelhantes aos da remoção dos testículos.
4. Quimioterapia: consiste no uso de medicamentos
tóxicos que atacam as células cancerosas. Porém, eles atacam também
células sadias, principalmente aquelas com alta taxa de
multiplicação, como as células do sangue, dos folículos pilosos, da
pele, entre outras. A quimioterapia é utilizada nos pacientes com
doença avançada, que não respondem à hormonioterapia. Os efeitos
colaterais mais comuns são: queda de cabelo, náuseas, vômitos,
diarréia, alterações das células do sangue (que pode predispor a
infecções).
Fonte:
Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro